O ar é irrespirável, porque da massa continental de lixo acumulada emanam gases de enxofre e metano capazes de intoxicar qualquer coisa viva a centena de metros de distância. O solo já está completamente morto pelo escoamento de milhares de litros de chorume, uma substância tóxica tão forte não só mata o solo, como todos os lençóis freáticos no subsolo.
Se alguém, em algum momento da sua vida, pensou em recriar uma versão terrena do inferno, com certeza ele pensou num lixão a céu aberto.
FATO: Nenhum governo tem uma solução adequada para esse problema; e por motivos muito simples (entre outros tantos bem mais cabeludos):
1) os governos são tacanhos demais para perceber que o lixo é uma fonte de riqueza imensa (a biomassa é usada para gerar energia em países desenvolvidos);
2) mesmo que soubessem disso, são incompetentes demais para elaborar um plano de ação e;
3) mesmo que tivessem um plano, são ineficientes demais para colocá-lo em prática.
Para não ter um surto depressivo frente a esse cenário tão desanimador, vamos supor que para o outro lixo, o reciclável, há alguma esperança e que alternativas já estão sendo colocadas em prática, como o exemplo de Curitiba, que por incentivo governamental já faz separação do lixo reciclável há quase 2 décadas.
Agora, quando o assunto é lixo orgânico, só mesmo um doido varrido pra achar que alguma solução virá pelo esgoto celeste dos palácios de governo. Aquela cambada não faz a menor idéia de como resolver esse problema, com excessão da óbvia (ineficaz e cara) ampliação dos aterros sanitários. E olha que essa é a melhor das hipóteses, já que só 8% do lixo vai para aterros sanitários; o resto vai pra lixões a céu aberto. (Pra quem ainda não sabe bem a diferença entre lixão e aterro sanitário, aqui tem uma explicação simples, mas muito boa. Mas já adianto, se o lixão é o inferno na terra, o aterro é o inferno escondido em baixo dela.)
O assunto, então, não é pra ser resolvido por governos. É pra ser resolvido por nós mesmos. Até porque somos nós que consumimos os produtos e alimentos que geraram esse lixo e, assim, devemos nos responsabilizar por ele. A gente deve, e pode muito bem, dar fim no nosso próprio lixo.
A COMPOSTAGEM DOMÉSTICA DE LIXO [fundo musical de harpas e coros de anjos]
A compostagem doméstica serve exatamente para isso: Dar fim no próprio lixo orgânico, decompondo-o em um material estável, rico em húmus e nutrientes. É um processo super simples, onde microorganismos atuam sobre o lixo orgânico "quebrando-o" em minúsculos pedaços e transformando-o em um composto benéfico, pronto para ser reabsorvido pelo meio ambiente. Sem cheiro ruim, sem chorume, sem insetos, sem cachorros doentes, pessoas-zumbis e nem nenhuma dessas coisas.
É FÁCIL COMEÇAR
O pessoal do meu prédio se organizou e combinou de separar o lixo orgânico e depositá-lo sempre numa composteira. O resultado foi que, em pouco mais de um ano, transformamos 1 tonelada de lixo orgânico em 200 quilos de adubo 100% orgânico.
1 TONELADA DE LIXO, que ao invés de entulharem o aterro da Caximba, VIRARAM 200 QUILOS de um composto orgânico extremamente fértil - chamado húmus - e foram adubar a horta nos fundos do nosso quintal. (a horta ficou feliz da vida)
Se alguém mais quiser experimentar essa alternativa limpa de lidar com esse assunto do lixo, eu explico tudo direitinho em outro post. Uma coisa eu garanto, é muito recompensador saber que de um jeito e de outro a gente não colabora mais com a sujeira da sociedade.
2 comentários:
Oi Lena, parabéns pelo belo blog e em especial pelas dicas de compostagem. Ainda não comecei a fazer, mas já vinha me informando a respeito, só falta apertar o play. Onde moro, num condomínio, dentre tantos moradores, somente um casal faz esse trabalho bacana. Logo serei mais um...
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