30/11/2013

Ignorantes somos todos. Apenas que alguns com mais dentes que outros.


Quando eu penso que Lula, Dilma e outros PTs foram eleitos por milhões de "semi-analfabetos, desdentados e ignorantes", com a promessa de que este últimos receberiam benesses tais como bolsas, cotas, cestas básicas e outros benefícios, penso "AINDA BEM!". Eles finalmente aprenderam a votar.

Ao contrário dos que afirmam que a culpa é dessa gente inferior não sabe votar - uma grande besteira - eu diria que eles sabem votar muito bem. Elegeram quem prometeu a eles tudo que queriam: comida na mesa e eletrodomésticos na sala. E ignoraram solenemente aqueles que tentaram empurrar-lhes aquele discursinho liberal de mercado, meritocrático, aquela novela das 8, fantasiosa, onde a empregada doméstica, por um feliz acaso do destino, casa-se com o patrão e fica rica.
Eles aprenderam a votar.

Votei no PT, e agora eu mordo.

Entenderam finalmente que um camelô que vira mega-empresário faz parte de um conto-de-fadas tão difícil de se realizar quanto acertar na mega-sena. Entenderam que 99% deles nunca chegaria a Sílvio Santos, pagodeiro famoso ou jogador de futebol bem pago, as únicas opções de sucesso que nossa sociedade reserva pra eles.

Resolveram votar em alguém que desse a eles aquilo que todos nós temos à disposição todos os dias. Espera um pouco, "DESSE"!?, do verbo DAR!? O correto não seria "CONQUISTAR-COM-ESFORÇO-PRÓPRIO", verbo tão conjugado por aqueles, cuja grande conquista foi simplesmente não fracassar num contexto que, via de regra, envolve uma escola paga pelo pai, faculdade e a escolha daquele emprego que paga mais.
E teve um amigo meu que disse que pegou muito ônibus lotado na vida pra ir de Interlagos até o Mackenzie, antes de poder se formar e comprar um carro com o suor do seu próprio esforço... Entendo, deve ter sido bem difícil. (E não estou irônico, mas notem que há grande diferença entre algo que é difícil e algo que é impossível.)

"Ah, mas eu estudei em escola pública minha vida toda." É mesmo? Qual escola pública? Aquela da periferia, que não tinha nem professores, quem dirá carteiras escolares? Ou aquela do bairro de classe média (ainda que baixa), onde sua família morava? Já posso parar por aqui, ou é preciso falar mais um pouco sobre essas diferenças?

"Ah, mas com esmolas o Brasil não cresce", dizem aqueles que, claro, são os únicos a se beneficiarem com tal crescimento, e que fazem parte da turma recém-formada, rebentos da geração que dizia que precisávamos fazer o bolo crescer para só então dividir. Bem, na opinião de muitos esse bolo já está bem crescido, mas poucos parecem interessados em dividí-lo, mesmo que lhes seja garantida a fatia com cobertura.

É cedo ainda pra dizer que a farra acabou e que de agora em diante teremos mais pratos na mesa, mas seria infantil e manhoso - pra não dizer, um pouco prepotente -, imaginar que teríamos para sempre governos cujo único foco de atenção está na classe produtiva-intelectual-educada, que representa um percentual ínfimo dessa vastidão populacional que é o Brasil.
Esse povo todo, essa massa de desdentados ignorantes, precisa ainda de muitos anos de governo que olhe para eles.

Me perdoem o texto tão longo. Eu podia ter escrito apenas uma ou duas linhas, dizendo que IGUALDADE, JUSTIÇA SOCIAL e DESENVOLVIMENTO HUMANO são melhores do que segregação, exploração e preconceito, mas fiquei com medo que alguém não entendesse.

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