01/07/2007

"Posso ter uma opinião por você?"

Essa frase eu ouvi na banca de revistas do japonês, hoje de manhã, enquanto assistia na TV dele às últimas voltas da F1.

A mocinha entrou na banca, prancheta em punho, e perguntou se ele era contra ou a favor do aborto. "Estou colhendo assinaturas". Talvez o japonês nem respondesse, já que também estava assistindo a corrida, mas bastaram 5 segundos de silêncio dele para que ela, toda animada, saísse dizendo "Posso ter essa opinião por você?" E desta vez, sem dar chance de resposta, soletrou enquanto escrevia na prancheta, C - O - N - T - R - A.
Mas o melhor mesmo foi o arremate "Você não é budista, é?" E o japonês, sem desgrudar do Lewis Hamilton que caçava o Massa a apenas 2 segundos de diferença, disse não.
E eu devo ter a palavra aborto escrita na testa porque ela me ignorou solenemente, apesar de estarmos só nós 3 na banquinha. Melhor assim, porque se ela sugerisse ter uma opinião por mim eu, certamente, ia parar de assistir a corrida.

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente pílula de observação da ironia social, e da credibilidade das pesquisas. Os antigos russos contavam uma piada sobre estatísticas, que dizia: você sabe o que é uma estatistica? Uma ferramenta pela qual, se você tem dois carros e eu não tenho nenhum, cada um de nós tem um.